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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Agressores recebem acompanhamento:

Grupo Reflexivo Caminhos começou as atividades neste mês de Março; autores de violência contra mulher se reúnem com três especialistas.

Michelle Aligleri Reportagem Local.


''Respondi processo por ter agredido minha mulher e minha enteada. Na confusão acabei disparando uma arma de fogo que atingiu uma delas. Na época minha esposa fugiu com as crianças para um abrigo e eu fiquei foragido. Eu já tinha respondido a um processo semelhante aberto pela minha primeira mulher''. O depoimento é de Henrique (nome fictício), que participa do Grupo Reflexivo Caminhos, organizado pela Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas (Ceapa), da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 

Londrina conta com uma rede de serviços que acompanha e protege as mulheres vítimas de violência. O município já possui o Centro de Atendimento à Mulher (CAM), ligado à Secretaria da Mulher, que oferece apoio às vítimas, a Delegacia da Mulher, que recebe as denúncias, e a Vara Maria da Penha, que julga os processos. A partir deste mês mais um serviço foi incluído, mas desta vez é desenvolvido com os homens. 

O Grupo Reflexivo Caminhos iniciou os trabalhos graças à parceria do Escritório de Aplicação e Assuntos Jurídicos da UEL com o Ministério da Justiça. O objetivo é tratar com os homens que são indicados pela Vara Maria da Penha, questões relacionadas ao gênero, aos sentimentos, situações familiares e incentivar que os participantes reflitam sobre a violência. O projeto conta com uma psicóloga, uma assistente social e uma advogada. 

Ciclo O primeiro grupo tem nove homens e começou as atividades no início de março. As reuniões são quinzenais, com duração de duas horas. De acordo com a psicóloga do projeto, Renata Maciel de Freitas, a proposta é fazer com que eles pensem a respeito do que aconteceu. ''Acreditamos que esta é a melhor maneira de mudar o futuro'', disse. Apesar de afirmar que a mudança de comportamento é uma decisão individual, Renata acredita que com a discussão do assunto em grupo é possível interromper o ciclo da violência. 

A agressão à esposa é vista por Henrique como o encerramento desastroso de uma série de fatos. Ele garante que hoje agiria de forma diferente. ''No grupo estou aprendendo a não fazer nada de cabeça quente. Vejo que essas brigas mexeram muito com o psicológico da minha esposa e de meus filhos. Estou aprendendo a pensar antes de agir. Isso é fundamental'', disse. 

Experiência No mês de agosto a Lei Maria da Penha completa cinco anos. De acordo com um levantamento do Conselho Nacional de Justiça, neste período, pelo menos 70.574 mulheres já conseguiram medidas protetivas que mantém os agressores a uma distância mínima. Até agora foram contabilizadas 76.743 sentenças definitivas em processos por agressão a mulheres. No Paraná este número é de 2.636 sentenças. 

Um destes casos é o de Pedro (nome fictício). Em uma discussão com a ex-mulher, ele disse que a segurou com mais força e acabou deixando o braço dela roxo. ''A justiça determinou que eu ficasse afastado 200 metros dela e da minha filha'', disse. ''Participo do Ceapa porque o juiz mandou, mas a minha consciência é tranquila. Acho que o projeto ajuda aqueles que cometeram o erro de bater na companheira, para mim serve apenas como experiência de vida'', completou. 

''A violência tem vários elementos antes da agressão física. Procuramos olhar para estas ações e fazer com que os homens descubram por que agiram daquela forma'', explicou Renata. ''É preciso identificar como se construiu o ato violento e como se deram as diferenças entre homens e mulheres durante o crescimento dessas pessoas. A ideia é ajudá-los a encontrar os limites e os porquês da violência.'' 

Henrique foi perdoado pela mulher e voltou a viver com ela. Ele considera a participação no grupo muito importante para a mudança de comportamento. ''Estamos aprendendo sobre respeito. Creio que a gente vai aprender muita coisa no decorrer das reuniões e que o que for discutido lá será trazido para o convívio social aqui fora'', afirmou.

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